Em tempos de pandemia, a conexão nunca foi tão importante como é hoje – esse foi o ponto de partida da minha conversa com a Renata Piazzalunga, idealizadora da marca de decoração artesã FELLICIA.
A marca Fellicia
A marca conta com uma vasta linha de mais de 500 produtos de decoração selecionados com muito bom gosto e atenção a detalhes, que procuram dar continuidade ao ciclo de sustentabilidade implementado através dos projetos de tecnologia social, concebidos por Renata, junto a várias comunidades brasileiras.
Arquiteta de formação e pesquisadora na área de Economia Criativa, Renata criou um instituto de pesquisa, em 2004, para promover transformações sociais por meio da ciência. Este projeto a levou a começar um trabalho social inovador em um povoado no interior do Sergipe, em Santa Luzia do Itanhy.
Economia criativa no centro do trabalho
O primeiro passo foi levar às comunidades uma equipe de consultores, que fazem um levantamento iconográfico e identificam quais as técnicas, materiais e saberes regionais que podem ser aplicados nos artesanatos para poder colocar em prática um projeto de economia criativa baseado em desenvolvimento sustentável, que qualificasse artesãos, contribuísse para o aumento da fonte de renda da população e valorizasse a cultura e a arte local.
“Um erro comum é achar que a artesã é sempre uma empreendedora”
Em 2011, Renata sentiu a necessidade de criar uma marca como um meio de trazer os produtos no mercado de luxo. Assim nasceu a Fellicia, nome em homenagem a uma das artesãs que teve a sua vida transformada pelo projeto.
“Um erro comum é achar que a artesã é sempre uma empreendedora”, ela me conta sobre seu modelo de negócio para a comercialização de produtos que agregam design contemporâneo com técnicas artesanais.
Modelo de negócio
O modelo de negócio é justo a permite que as artesãs tenham acesso a melhorias às suas ferramentas de trabalho.
“Trabalhamos com um conceito de fundo de inovação em que os artesãos recebem 50% da receita das vendas e um adicional fixo, e reinvestimos os outros 50% no próprio negócio”.
Em 2016, a marca ganhou uma sócia, a advogada Alessandra Piazzalunga Del Fiorentino, irmã de Renata. E, em 2018, conquistou seu espaço próprio, um showroom em São Paulo.
Hoje, cerca de 150 pessoas fazem parte da cadeia de produção da Fellicia e aproximadamente 750 indivíduos são beneficiados pelo projeto.
Renata expressa sua preocupação, devido à situação atual, pela cadeia de produção que ela cuidadosamente criou. O objetivo sempre foi resgatar as tradições locais, valorizando a cultura e a arte local de maneira sustentável e oferecendo aos moradores uma nova opção de renda: o artesanato.
A linda história de Fellicia destaca a importância de manter sua autonomia na hora de comprar, de conhecer a história das pessoas atrás da marca. E que sim, existem produtos de alta qualidade no mercado de luxo que fazem parte de uma cadeia sustentável.