Estes tempos de quarentena e distanciamento social são um ótimo momento para se perder num livro e se distrair um pouco. Fizemos uma lista de 12 livros clássicos para ajudar você a se distrair, ou até fazer paralelos com o mundo em que vivemos!
A vida invisível de Eurídice Gusmão, Martha Batalha
Antes da notoriedade alcançada com a adaptação para o cinema que coloca o Brasil na corrida por um Oscar, A vida invisível de Eurídice Gusmão (Companhia das Letras, 192 páginas) ganhou o mundo em mais de dez edições estrangeiras. O romance de Martha Batalha foi publicado pela primeira vez em 2016, mas o lançamento e a repercussão do filme de Karim Aïnouz no ano passado criaram uma boa oportunidade para o público revisitá-lo e conhecer a autora.
Os testamentos, Margaret Atwood
A série Handmaid’s Tale, produzida pela plataforma Hulu desde 2017 e baseada no livro homônimo de Margaret Atwood, colocou o romance da escritora canadense sob os holofotes mais de 30 anos depois de sua primeira publicação. Pegando carona nesse sucesso, veio a continuação batizada de Os testamentos (Rocco, 411 páginas), que se passa 15 anos depois dos eventos de O conto da aia (1985). O livro, vencedor do Booker Prize 2019, vem para provar que Atwood ainda está com tudo e que a narrativa distópica que ela criou parece mais atual do que nunca.
Essa gente, Chico Buarque
Depois de ser agraciado com o prêmio Camões – o mais alto reconhecimento da literatura em língua portuguesa –, Chico lança seu novo livro (Companhia das Letras, 200 páginas), elogiadíssimo por ser um retrato fiel do Brasil atual. Na ficção tragicômica com ares de realidade, um escritor decadente enfrenta uma crise enquanto o Rio de Janeiro entra em colapso.
Perto do coração selvagem, Clarice Lispector
Os livros de Clarice Lispector serão reeditados pela Rocco para comemorar o centenário da autora em 2020 – uma ótima oportunidade para quem quer conhecer ou reler a obra de um dos maiores nomes da literatura brasileira. Perto do Coração Selvagem (Rocco, 208 páginas), romance de estreia da escritora publicado originalmente em 1943 – quando ela tinha apenas 22 anos –, ganha capa ilustrada com uma pintura da própria Clarice e posfácio de Nádia Battella Gotlib, que escreveu sua fotobiografia.
A revolução dos bichos, George Orwell
Em tempos politicamente cada vez mais conturbados, vale ler novamente A revolução dos bichos, um clássico escrito por George Orwell. Publicado em 1945, permanece atual até os dias de hoje.
A história se passa na Granja do Solar, onde uma série de bichos se reúne para fazer uma revolução: os animais desejam dar fim à exploração feita pelo senhor Jones, o dono da quinta.
O proprietário acaba por ser expulso da sua quinta e os animais tomam a frente, criando um novo tipo de sociedade, igualitária e baseada na não-exploração.
A leitura de A revolução dos bichos é repleta de humor e nos faz pensar sobre a nossa própria sociedade, o sistema de trabalho, as condições de vida, a desigualdade.
A revolução dos bichos aborda essencialmente a condição humana e a tendência de oprimirmos (ou sermos oprimidos).
O Feminismo é pra todo mundo, bell hooks
O ano é 2020, mas o feminismo ainda é mal interpretado por muita gente. O que mostra a urgência e importância desse livro de bell hooks, uma das mais importantes feministas negras da atualidade (a grafia do nome em minúsculo é uma preferência da autora para que atenção seja concentrada em sua mensagem ao invés de em si mesma). Nessa cartilha, hooks mostra como a luta contra o sexismo pode mudar para melhor a vida de todo mundo, o que inclui os homens na parada. Apesar da primeira edição ter sido lançada em 2000, o livro só foi traduzido para o português oito anos depois. – Link para a matéria aqui.
Sociedade do Cansaço, Byung-Chul Han
Os efeitos colaterais do discurso motivacional, O mercado de palestras e livros motivacionais está crescendo desde o início do século XXI e não mostra sinais de desaquecimento. Religiões tradicionais estão perdendo adeptos para novas igrejas que trocam o discurso do pecado pelo encorajamento e autoajuda. As instituições políticas e empresariais mudaram o sistema de punição, hierarquia e combate ao concorrente pelas positividades do estímulo, eficiência e reconhecimento social pela superação das próprias limitações. Byung-Chul Han mostra que a sociedade disciplinar e repressora do século XX descrita por Michel Foucault perde espaço para uma nova forma de organização coercitiva: a violência neuronal. As pessoas se cobram cada vez mais para apresentar resultados – tornando elas mesmas vigilantes e carrascas de suas ações. Em uma época onde poderíamos trabalhar menos e ganhar mais, a ideologia da positividade opera uma inversão perversa: nos submetemos a trabalhar mais e a receber menos. Essa onda do ‘eu consigo’ e do ‘yes, we can‘ tem gerado um aumento significativo de doenças como depressão, transtornos de personalidade, síndromes como hiperatividade e burnout. Este livro transcende o campo filosófico e pode ajudar educadores, psicólogos e gestores a entender os novos problemas do século XXI.
A mãe de todas as perguntas, Rebecca Solnit
Da autora que deu origem ao termo mansplaining, esse livro é excelente para quem quer se aprofundar na discussão sobre feminismos. Maternidade, silenciamento, violência e masculinidade frágil são temas abordados pela autora de maneira muito didática. Muitas sofrem com o silenciamento e nem se dão conta, então esse livro pode salvar muitas vidas!
A guerra não tem rosto de mulher, Svetlana Aleksiévitch
A guerra, por si só, é um ambiente masculino. Os grandes feitos heroicos desse cenário são protagonizados por soldados homens. Mas você sabia que as mulheres têm uma parcela de ação nesses marcos históricos? Com esse livro, você terá contato com relatos de sobreviventes da Segunda Guerra Mundial, todas mulheres que lutaram pela União Soviética e que trazem um olhar mais sensível a um universo caótico.
Comer para não morrer, Michael Greger
Escrito pelo médico Michael Greger, Comer para não morrer trata de um estilo de alimentação capaz de prevenir, controlar e até reverter muitas das principais causas de morte da atualidade: a dieta à base de vegetais — ou plant-based diet, como é conhecida pelos especialistas. Com uma linguagem clara e ferramentas práticas que nos indicam o que comer, quando e em que quantidade, o livro se fundamenta em estudos acadêmicos para desmistificar a ciência por trás dessa forma de nutrição revolucionária e mostra que adotá-la está longe de ser um bicho de sete cabeças.
Mulheres que correm com os lobos, Clarissa Pinkola Estés
Os lobos foram pintados com um pincel negro nos contos de fada e até hoje assustam meninas indefesas. A analista junguiana Clarissa Pinkola Estés acredita que na nossa sociedade as mulheres vêm sendo tratadas de uma forma semelhante. Ao investigar o esmagamento da natureza instintiva feminina, Clarissa descobriu a chave da sensação de impotência da mulher moderna.
Abordando 19 mitos, lendas e contos de fada, como a história do patinho feio e do Barba-Azul, Estés mostra como a natureza instintiva da mulher foi sendo domesticada ao longo dos tempos, num processo que punia todas aquelas que se rebelavam. Clássico dos estudos sobre o sagrado feminino e o feminismo.
O povo brasileiro, Darcy Ribeiro
Obra magistral, e o maior desafio de Darcy Ribeiro, O povo brasileiro é uma tentativa de compreender quem somos, o que somos e a importância do nosso país. Talvez uma tarefa dura, mas imprescindível, pois segundo Darcy, “este é um livro que quer ser participante, que aspira a influir sobre as pessoas e ajudar o Brasil a encontrar-se a si mesmo”.