A edição N48 da SPFW voltou ao Parque Ibirapuera nos dias 13 e 18 de outubro. Os temas predominantes de inclusão e sustentabilidade espelharam o que vimos nas semanas de moda internacionais, mas tudo feito com um olhar brasileiro, trazendo um senso de orgulho pela cultura brasileira, uma ferramenta essencial nos tempos atuais. Teve também como fio condutor uma leveza, com tecidos fluidos com couros leves para o verão.
A temporada contou com duas estreias (Angela Brito e Isaac Silva) e diversos novos estilistas para ficar de olho (como a Neriage, parte da plataforma de Novos Talentos do Veste Rio).
Confira meus desfiles da SPFW preferidos a seguir:
Free Free
A Free Free é uma plataforma criada pela stylist Yasmine Sterea que enxerga a moda como ferramenta de liberdade, autoconhecimento e empoderamento, presente pela primeira vez no SPFW. As roupas apresentadas foram doadas por marcas e ressignificadas por artesãs de comunidades parceiras. “Quis trazer o Free Free para o local mais tradicional de moda e mostrar que a nossa ideia é unir as pessoas”, ela explica sobre o projeto, que também se transformou em Instituto.
A ideia de unidade e inclusão esteve presente na passarela com um casting diverso que contou com Fluvia Lacerda, Mayara Russi, Mariana Goldfarb, Stella Yeshua e Sophia Abrahão.
Angela Brito
Para sua estreia, a cabo-verdiana com mais de duas décadas no Rio de Janeiro trouxe uma coleção feita de peças sofisticadas e atemporais. A estilista, conhecida por sua alfaiataria minimalista, que sempre teve os neutros como tons principais de sua cartela, introduziu nuances de verde, azul e amarelo. “Está sendo um escape para mim”, revelou a estilista. Quando perguntada para quem era a coleção, disse: “Mulheres que não se aprisionam em um único ideal de beleza são o perfil da minha cliente.”
Handred
A coleção “La Gràcia”, repleta de detalhes ricos como as franjas em madeiras e patchworks unidos a estampas surrealistas foi inspirada em Cadaqués, onde Salvador Dali tinha uma casa. O estilista André Namitala consegui manter uma linguagem elegante porém despretensiosa para que a marca seja conhecida. A Handred também optou por manter o formato see now, buy now, disponibilizando as peças nas lojas logo após o desfile.
Isaac Silva
Numa sala coberta de folhas de arrudas e sal grosso, Isaac Silva apresentou uma coleção 100% de roupas brancas em reverência a Oxalá. Para sua estreia, o estilista baiano partiu da frase “Acredite no seu axé”, filosofia de vida que levou para sua marca por acreditar na união de forças para atravessarmos dias conturbados. Na passarela, lindos looks adaptados a ambos cenários urbanos e para relaxar e sentir a brisa do mar. Vimos laise e bordados de búzios na alfaiataria sofisticada e despojada em medidas iguais.
Neriage
Inspirada por uma trilha que percorreu no Brasil e nas poesias de Manoel de Barros no livro “Menino do Mato”, Rafaella Caniello faz do seu inverno 2020 uma ode ao nosso país e suas curvas e texturas. Fiel à identidade da Neriage, a estilista segue com belo estudo de cores e precisão de shapes e proporções. Tudo é sutil em sua moda. É preciso ver e rever cada look para perceber um novo detalhe e ter uma surpresa a cada vez, uma camada inesperada sob um top, um foulard delicado no pescoço e as lindas ponteiras de palha franjada que acabavam as tranças.
Cavalera
Com uma apresentação verdadeiramente jovem, o streetwear da Cavalera tomou sua inspiração das cores vibrantes da Jamaica. Com skatistas na passarela, o que se viu foram bons coletes cheios de bolsos e shorts destacáveis que ganham estampas coloridas e convivem com um ensolarado céu estampado numa saia de cauda longa refletindo o mood perfeito para a coleção brilhar. O público entrou na vibe dançando ao entrar e sair!
Reinaldo Lourenço
A alfaiataria minuciosa e os vestidos de festa tão característicos do estilista foram misturados à era vitoriana e ao punk, resultando em looks que misturavam peso e leveza, como nos delicados vestidos de laise usados com coturnos, demonstrando uma maturidade no uso da linguagem de moda.