Eu me apaixonei pela moda e pela roupa como um jeito de expressar as inspirações ao meu redor. Quando era adolescente em Londres, eu procurava peças vintage na feira de Portobello durante a hora do almoço no café onde trabalhava aos sábados. Adorava imitar looks de minhas referências de filmes e revistas preferidas, e passava meus finais de semana na loja Hype Hype e no Kensington Market. Mas chegou uma hora, como na vida de muitas adolescentes, em que eu queria chamar atenção dos meninos; fiquei questionando minhas escolhas de roupa e deixei de me vestir apenas para mim.
Quando tinha 17 anos, tive meu primeiro namoradinho, mesma época em que sapatos de bico fino entraram em cena; abracei a tendência e nem parei para pensar que poderia ser considerada uma escolha “ousada”. O menino não parou de reclamar da minha bota de “bruxa” (hoje em dia eu ia considerar isso um elogio), e logo perdi a confiança de usá-la, durante um bom tempo. Aliás, só voltei a usar sapatos de bico fino quando quase todo mundo estava usando.
Às vezes as críticas vinham de desconhecidos, lembro que uma vez estava andando na rua com minhas amigas e um cara passou e suspirou no meu ouvido, “você é muita bonita para usar óculos assim.” Eu fiquei devastada, tentei fingir que não ligava, mas senti minha bochecha ficando vermelha e tive vontade de tirar os óculos na hora. Os óculos em questão eram esses da Chloé, que eu ainda tenho, uso e amo! Ainda bem que aprendi a ignorar esse tipo de ruído no meu ouvido.
Escolhas de moda e autoestima
Cada vez que mudei de cidade e estava me sentindo um pouco fora de minha zona de conforto, percebi que minhas escolhas de vestuário foram afetadas. Até quando me mudei para São Paulo eu me perdi um pouco em termos de estilo, não queria chamar muito a atenção, e optei por um uniforme de calças jeans e blusas blah. De fato, cada momento em que minha autoestima está baixa, eu uso roupa que me faz sumir. O primeiro sinal de que algo está errado é quando a gente não se sente à vontade de se expressar de uma maneira autêntica, por medo de ser criticada por ser diferente.
Muitas pessoas acham a moda fútil e as araras de roupas, genéricas, cheias de peças idênticas, e quem pode culpá-los? A globalização e o Instagram (e meu algoritmo) vão te fazer acreditar que todo mundo é loira, magra e bronzeada, bebe matchá e usa blusa cropped com jeans rasgado em 2018. Nada contra, mas precisamos nos vestir para nós mesmas e o mundo de moda tem tanto a nos oferecer! Leandra Medine do site Man Repeller construiu sua carreira na teoria de que ela usava roupa repugnante para homens, mas de que ela gostava, e olhe onde chegou. Ou continuando a falar de blogueiras, Susie Bubble do Style Bubble se veste de uma maneira lúdica e divertida, mas ela não está de brincadeira quando fala em alta moda! Mas até a Susie se trancou no banheiro chorando no seu primeiro PFW, muitas estações atrás, por causa de fashionistas da primeira fila rindo dela. Imagina se ela tivesse resolvido só usar calças jeans e alfaiataria elegante daí pra frente?
Moral da história 🙂
A moral da história é clara e sucinta; lembre-se de porque você se apaixonou pela moda e vista-se por você, e mais ninguém!