Meu sobrinho de dois anos tem um cofrinho. A diversão dele é conseguir encaixar as moedinhas pela pequena fenda — afinal, na idade dele a coordenação motora para isso ainda não é algo trivial como é para nós adultos.
Guardando moedas
Como um boa tia, fui caçar na minha carteira algumas moedas pra dar pra ele colocar no cofre. Encontrei quatro, e ele as inseriu uma a uma, demonstrando ao final o orgulho de quem concluiu um grande feito.
Só que, imediatamente após inserir as novas moedas, ele começou a sacudir o cofre e a chorar, querendo de todo jeito retirar as moedas que havia acabado de inserir. Como se elas tivessem sido engolidas pelo buraco negro que é o cofre, e fosse sua missão resgatá-las daquele destino infeliz.
A verdade é que, para ele, o cofre ainda não representa o ato de poupar, de abrir mão de algo no presente para alcançar um objetivo futuro. É um brinquedo apenas.
Na tentativa de acalmá-lo, tentei explicar que era preciso encher o cofre com mais moedinhas para que então se abrisse. Depois disso, ele poderia comprar um brinquedo bem legal usando o dinheiro acumulado. Ainda não sei se ele entendeu ou se na verdade se distraiu com outra coisa, mas parou de chorar e mudou o foco.
Sem receita
Assim como muitas coisas na vida, não existe receita de bolo para saber a hora certa de começar a falar sobre dinheiro com crianças.
A noção de dinheiro é um tanto abstrata: é algo que convencionamos de aceitar como valor, mas que intrinsecamente não tem valor. Por isso, pode ser complicado para as crianças entender se os pais (ou as tias, como eu) forçarem a barra.
Uma boa pista para o momento certo talvez seja quando a criança começa a perguntar sobre coisas relacionadas, como quando pede aos pais que comprem algo pra elas. Nesse momento, ela já tem mais noção que o dinheiro tem uma função de intermediar trocas.
Também não existe uma forma única de iniciar a educação financeira dos pequenos. Há os pais que decidem começar pela ideia de trabalho, mostrando à criança que se ela cumprir determinadas tarefa será remunerada por isso, e então terá um dinheiro para administrar.
O papel de dinheiro
Por outro lado, alguns amigos já me contaram que não acham correto vincular a ideia de trabalho a dinheiro. Assim, a criança fica mais livre para escolher sua ocupação futura com base em seus gostos e aptidões, sem se prender ao ímã do dinheiro.
O fato é que é essencial que as crianças, desde bem pequenas, se familiarizem e compreendam o papel do dinheiro na nossa sociedade, e seu poder para proporcionar recursos e nos direcionar à concretização de sonhos que dependem desses recursos.
E você, como começou a falar de dinheiro com seus filhos? O que funcionou melhor? Ainda tem dúvidas? Comente e compartilhe sua experiência!
Se você se interessa por educação financeira e quer saber mais sobre como ela pode ser transformadora na vida de jovens estudantes, acompanhe o trabalho da associação Multiplicando Sonhos (@multiplicandosonhos), da qual faço parte. Nossa missão é levar educação financeira para alunos de escolas públicas.