A pós-beleza irônica do Millennial Pink

A pós-beleza irônica do Millennial Pink | Estilo ao Meu Redor

O mundo da moda está tendo um momento rosa, mas não é qualquer tom de rosa: é o Millennial Pink! O único problema é que não há um acordo sobre qual tom seria! Em geral são tons róseos queimados que partem do bege avermelhado e vão até o pêssego, também conhecido como Tumblr Pink e Scandi Pink (só para confundir). O Millennial Pink segundo o The Guardian “representa um tipo de beleza irônica, ou pós-beleza. Uma maneira de ser bonita ao mesmo tempo conservando desapego intelectual. É um desejo por uma beleza que poderia ser des-problematizada”.

Por que Millennial Pink?

Mas por que é chamado de Millennial, e o que isso tem a ver com nosso tempo atual? Numa época em que a onda de conservadorismo ameaça todas as conquistas frágeis e recentes de diretos iguais, um tom de rosa queimado passa a significar muito mais, numa era em que modelos trans desfilam nas passarelas, surge com carga política para ressignificar o rosa. Antes sinônimo do universo feminino e sua suposta doçura, passa para a geração Millennium a ter certa carga irônica e a ser o estandarte do a-gênero e da fluidez sexual, movimento relacionado ao feminismo, à luta pelos direitos LGBT e à flexibilização do conceito de masculinidade. E que melhor alvo de uma campanha de marketing do que a tão falada geração Millennium?

Retro cool

Além de politico, ele é nostálgico e está presente nas boas memórias da infância, nos milkshakes e nos pratos de pâtisserie, além de trazer uma sensação romântica, terna e confortável. Mas o que vemos agora é diferente, o rosa virou rebelde e em parceria com o azul claro tornou-se onipresente na plataforma da rede social Tumblr. No mundo criativo, os tons associados ao Millennium Pink vêm aparecendo há mais tempo, se tornando mais envelhecido e elegante, mais sofisticado e um pouco mais pastel.

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Na arte, os tons róseos do movimento Memphis

A nostalgia ajudou que o tom se solidificasse. A volta das referências dos anos 1980, 1990 e do começo dos anos 2000 trazem o rosa imortalizado por Ettore Sotsass em seu movimento Memphis e os frufrus de Patricinhas de Beverly Hills. Os tons dessaturados do art déco com ares do passado como no róseo do Hotel Budapeste de Wes Anderson lançado em 2014, ganharam status cult, e não demorou muito para a gente ver isso nas temporadas de moda. 

Millennial Pink - Grand Hotel Budapest

Millenial Pink na Passarela

Marc Jacobs, Gucci, Céline, Acne, Fendi e Balenciaga são marcas que entraram nesta febre. Gucci resort 2016 foi uma imersão no universo rosa. Na Céline o vestido rosa foi drapeado sobre os ombros e na Balenciaga os saltos rosa chegaram até a coxa.

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Millenial Pink no Instagram

O Instagram ajudou a emplacar o Millenial Pink com seus filtros envelhecidos, já que ele fica muito apelativo entre os tons esmaecidos. Tem até contas inteiras dedicada ao tom. Veja @PlantsonPink para inspiração.

 Durante a Milan Design Week, a cor virou febre através do Instagram, a instalação ‘Le Refuge’ de Marc Ange incorporou o espírito de Milliennial Pink e se tornou a instalação mais instagramada. Não só por ser rosa, mas também porque ofereceu um refúgio, com um apelo aos dois gêneros.

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A instalação ‘Le Refuge’ de Marc Ange

Uma jogada de Marketing?

Mas será que é nada mais do que uma ferramenta de marketing que se aproveita de nossa memória afetiva? Pois numa época com tanto foco na política de gênero, a mensagem é clara: “como demonstrar que você está dentro da luta da sua geração sem usar a cor que é símbolo dela?” Não tenho a resposta, mas tenho uma vontade de jogar uns filtros retrôs na minhas fotos no Instagram e resgatar um terno deste tom de rosa, largado há anos na casa da minha mãe.

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