Ciao Milano!
MFW começou com o pé direito com o eclético, chocante, perturbador e completamente incrível desfile da Gucci. Modelos andando em estado de transe pelo cenário de sala de cirurgia, que forneceu um fundo estéril pelo fluxo de referências soltas na passarela. Teve lenços de cabeça babushka ao lado de malha metálica estilo Show girl anos 20, pijamas chineses, tweed inglês, xadrez escocês, um suéter Fair Isle, ternos sociais anos 80, uma jaqueta dourada peplum e, como esta é a temporada da volta da logomania, aqueles famoso dois Gs interligados estavam por todo lugar; mas as referências não param por aí, tivemos Sega, Baseball, Mangá, Paramount e (bizarramente) Russ Meyer. Se as referências foram variadas, os acessórios nem se falam: alguém segurava um mini dragão, alguns modelos casualmente carregavam réplicas de suas próprias cabeças como se fossem bolsas, outros andaram de rosto parcialmente ou inteiramente coberto.
Cyborg
Mas o que tudo isso significa? O desfile intitulado Cyborg juntou roupas de várias culturas, metáfora de Alessandro Michele para como as pessoas hoje em dia constroem suas identidades pelos poderes da tecnologia, Hollywood e claro, Instagram. “Nós somos o Dr. Frankenstein de nossas vidas”, diz o estilista. “Existe uma clareza clínica no que estou fazendo. Eu estava pensando num espaço que representa o ato criativo. Queria representar o laboratório que tenho dentro da minha cabeça. É trabalho físico, como o de um cirurgião”, disse Michele na coletiva de imprensa pós desfile. A referência foi tomada da obra de 1984 da filósofa feminista Donna Haraway, “Um Manifesto Cyborg: Ciência, Tecnologia e feminismo-socialista no final do Século Vinte.”
O desfile foi perturbador, quase como um episódio de Black Mirror, com o objetivo de cutucar verdades sobre moda na era da informação, um tema com que toda cultura consegue se identificar.
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