O que eu faço tem propósito?

Falamos com 3 empreendedoras ressignificando seus negócios durante a pandemia

O isolamento social tem trazido a oportunidade de repensar nossos hábitos de consumo.

Percebemos o que já vem sendo discutido há um tempo, que menos é mais. Diante de tantas incertezas, estamos sendo convidadas a nos reformular e não somente na forma de consumir, mas de enxergamos o outro, como doamos e recebemos afeto e como cuidamos do nosso planeta. 

Tudo isso nos trouxe à seguinte reflexão: O que eu faço tem propósito? De que forma meu trabalho contribui para o outro? 

Algumas pessoas já vem realizando esse trabalho há um tempo e outras viram nesse momento uma oportunidade de continuar seu trabalho, adaptando a nossa nova realidade. 

É o caso da Gioconda Collective, Aika Beachwear e Karin Michels. Com propósito, amor, resgate do poder feminino e muita criatividade, estão se transformando e transformando as pessoas ao seu redor.

Inspire-se nas histórias de marcas que repensaram seu propósito

Gioconda Collective

Cinthia Santana é artista, mãe, empreendedora, um espírito criador intuitivo, vigilante das emoções e a criadora da Gioconda Collective. Nos conhecemos quando fui modelo de sua marca, quando pude perceber sua grande doçura, calma e paz. Hoje tenho a oportunidade de escrever um pouquinho sobre sua trajetória.

Cinthia Santana é uma mulher loira, usa um cachecol e segura uma margarida em frente ao seu olho direito.

A ideia inicial do projeto surgiu durante a leitura do Ócio Criativo, quando resgatou uma memória afetiva e lembrou de sua mãe confeccionando calcinhas para ela e sua irmã, com as sobras dos tecidos dos lençóis que produzia. Somou isso ao seu desejo de criar uma nova linguagem de roupa íntima que satisfizesse antes de tudo a mulher, através do amor próprio e do autocuidado, e não aos fetiches masculinos, como a maioria das marcas.

A virada com propósito

Recentemente, ela ressignificou profundamente seu negócio, transformando a Gioconda em não só uma marca de roupas femininas confortáveis, mas também em uma fonte de conteúdo que impulsiona negócios criativos de outras mulheres através do autoconhecimento e da criatividade.

Os princípios continuam os mesmos, como a valorização do feminino, autoconhecimento, autocuidado, prazeres cotidianos, saberes manuais, sabedoria ancestral e poder intuitivo, tudo isso sustentado por dois conceitos que estão presentes desde a concepção da Gioconda Collective: a pausa e a comunhão com a natureza.

Neste segundo momento da marca (ou dela mesma, que se tornou uma coisa só), ela desenvolveu um e-book gratuito como uma amostra do seu programa online, o PAUSA E ESCUTA CRIATIVA (faça o download aqui), um convite a uma expedição para dentro de si mesmo e que tem como objetivo despertar suas motivações e trabalhar seus bloqueios criativos.

Aika Beach Wear

Fernanda Corrêa é designer, livre, seu brilho nos contagia, leve, tem grande poder criativo e empatia. Nosso primeiro contato foi em minha primeira viagem à Praia do Rosa, onde criamos grande afinidade. Com suas qualidades e seu amor abundante, fez com que eu a admirasse cada vez mais.

Fernanda Corrêa é uma mulher bronzeada, com longos cabelos castanhos.

A vontade de se conectar às pessoas com valores reais e o amor pela natureza a fez sair do Rio Grande do Sul e ir ao encontro de sua verdadeira essência, e assim foi morar na Praia do Rosa, lugar que já conhecia e com o qual sentia forte conexão. 

Essa mudança fez com que Fernanda desse início ao seu sonho. Adepta do consumo consciente e sempre buscando inovações sustentáveis, com muita coragem, determinação e acreditando que seu propósito pudesse contribuir para a evolução e transformação da indústria da moda, em 2015 decidiu criar a AIKA. 

Propósito ao definir ciclo de vida e produção dos produtos

Em constante crescimento e se mostrando cada vez mais coerente e consciente, a marca utiliza tecido reciclável, com alta durabilidade, biodegradável e que se decompõe mais rápido quando descartado corretamente. 

Diversos biquínis na cor bege da Aika.

Priorizando o corpo da mulher brasileira com um toque internacional, AIKA acredita no poder criativo feminino, na valorização e remuneração; suas peças são produzidas em baixa escala e confeccionadas artesanalmente por mulheres locais.

Cada peça acompanha uma semente em sua TAG e uma sacola ecobag de algodão ecológico ou bags feitas de plantas, facilitando sua decomposição no lixo orgânico. Ao final de sua coleção, todos os retalhos são doados ao artesanato local. 

Karin Michels

Karin Michels é fotógrafa, forte, não tem medo de mudanças, mãe, esposa e inovadora. Ela se encaixa perfeitamente na frase: ”Se a vida te der limões, faça uma limonada”. Eu a conheci através da indicação de uma amiga e me apaixonei. Suas fotos transbordam amor, carinho e afeto. 

A fotógrafa Karin Michels segura sua câmera.

Nascida em São Caetano do Sul, morou em alguns lugares e hoje criou raízes em Vinhedo. 

Se formou em administração de empresas e como sempre atuou na área de Recursos humanos, cursou pós graduação em Gestão de pessoas. 

Logo após sua formação, se mudou para Santa Catarina e foi aí que sua mudança de vida começou. Por não conseguir emprego na área, resolveu fazer o que sempre amou: fotografar. A oportunidade surgiu com um curso de fotografia que seria dado em sua cidade. Quando começou a fotografar suas amigas grávidas e aniversários, logo nos primeiros clicks descobriu que sua paixão estava virando profissão e, desde então, não parou mais.

Click da fotógrafa Karin Michels, uma mãe abraça sua filha na entrada de casa.

A paixão como propósito

Atuando desde 2009, seu foco é fotografar famílias, aniversários, batizados, gestantes, partos e sessões de acompanhamento de crescimento de bebês. Com um trabalho que requer proximidade e contato com as pessoas, se viu sem chão diante de tantas incertezas e cancelamentos. Foi quando viu o projeto Retratos à porta da fotógrafa Rita Ferro Alvim, em que famílias eram fotografadas em suas portas, varandas, portões e percebeu que poderia fazer algo em sua cidade. Suas vizinhas abraçaram a idéia e com incentivo de sua grande amiga Mariane Liston, Karin deu início ao seu projeto.

Click da fotógrafa Karin Michels, uma mãe e seus dois filhos vistos por uma janela.

Com fotos entregues por e-mail e impressões que ela deixa embaixo da porta, Karin encontrou no isolamento um meio de continuar entregando amor, afeto, carinho às famílias e renascer em seu trabalho, já com outro projeto criativo em mente. 

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