Entrevista com a Juliana Cordeiro, Consultora de Estilo

Às vezes você conhece alguém, o papo flui e em pouco tempo parece que vocês já se conhecem há anos! Foi assim quando eu entrevistei a Juliana Cordeiro, Consultora de Estilo Pessoal e sócia da Bendita Costura. Sentamos para tomar um chá e falar sobre estilo pessoal, autoestima e ser mãe ligada no 220v!

EAMR: Me fale um pouco do seu background?

Juliana: Eu me formei em Direito, mas atuei muito pouco tempo na área porque logo entendi que não era o que queria fazer. Como já era fluente em inglês, resolvi dar aula, e acabei dando aula de inglês durante 12 anos. Quando decidi que já tinha dado, fui buscar outras experiências, passei um tempo na Itália e ali eu entendi que queria resgatar meu gosto por moda, fui buscar o que queria de fato fazer com isso. Não sabia se era uma faculdade de moda, ou se era outra coisa. O mercado de luxo sempre me atraiu muito, sempre gostei das marcas de luxo. Comecei fazendo um MBA em Gestão de Luxo, e nesse meio tempo descobri que a consultoria fazia mais sentido. Assim fiz cursos de consultoria de estilo, de compra personalizada. Também fiz curso de história da elegância, de história da moda. E não parei mais, li diversos livros sobre o assunto!

EAMR: O que te motivou a se tornar consultora de estilo pessoal?

Juliana: Eu me identifiquei muito com a consultoria de estilo porque entendo que é uma dor para muitas mulheres se deparar com um guarda-roupa cheio e não saber por onde começar. Lembrei muito das minhas próprias dificuldades na hora de me vestir. Quando consegui me entender melhor, entender de fato qual era meu estilo, em quais marcas podia confiar, que me representariam, foi libertador, essa sensação de liberdade de poder escolher o que vestir, de me sentir bem. Não importa muito o que os outros pensam a respeito do que eu estou usando e sim o que sinto quando estou usando a, b ou C, foi o que me fez querer investir nessa carreira para poder ajudar outras mulheres a se sentirem dessa forma. Como se eu fosse uma intermediária do autoconhecimento, autoestima através do guarda-roupa.

Amo o processo de autoconhecimento que a consultoria traz, revelações, buscas, lá de trás, da infância, da adolescência, enfrentamentos de desafios desde aquela época, da maturidade, de você se olhar e se sentir bonita dentro do seu corpo com as possibilidades de vestimenta que a moda te dá, para poder se sentir representada pela sua roupa, não precisar abrir sua boca para dizer quem você é. Isso é o que me encanta quando falo de consultoria. Acabou que me encaixei muito na vestimenta como forma de autoestima, como forma de beleza interior. No sentido do que a beleza exterior acaba revelando a beleza interior, aquela questão de que a roupa fala muito sobre nós, então gosto muito disso: a psicologia do guarda-roupa.

EAMR: Me conte um pouco sobre sua abordagem de consultoria de estilo?

Juliana: Eu sou muita cuidadosa, acho que o processo de consultoria é um processo terapêutico mesmo, ele vai revelando diversas camadas de personalidade, vai revelando as dificuldades, as encanações, as dores, as inseguranças que as mulheres têm quando se deparam com seu guarda-roupa.

Quando dou consultoria, não estamos de fato falando de roupa, mas de medos, daquela angústia de pensar, “puxa, quem eu sou? O que quero que esta roupa transmita? Quando me visto, estou me vestindo para quem? O que quero que as pessoas leiam dessa imagem que estou colocando aqui?”.

Então é um processo que faço com muito cuidado de investigar tudo isso, de alinhar as expectativas e depois entregar o resultado que a pessoa espera. Também de entender as resistências, porque a pessoa quer se vestir de determinada maneira, e porque chegou a uma conclusão que podia se vestir de outra. O que desencadeia esse processo todo. Então é uma abordagem mais psicológica mesmo, apesar de eu não ser psicóloga.

EAMR: Que tipo de mulher deve realizar um serviço de consultoria?

Juliana: Digo que toda e qualquer mulher que sente uma frustração ou desestímulo na hora de vestir, porque falta informação. Mulheres que estão com dificuldade de se achar no guarda-roupa que elas têm, mulheres que não sabem comprar, ou que não sabem combinar. Mulheres que tem menos roupa de que precisariam ou igualmente mulheres que tem mais do que precisam. Talvez porque houve uma mudança de carreira muita grande, ou a maternidade chegou e as roupas não se adequaram a essa nova fase. Ou mulheres que nunca tiveram tempo de pensar em roupa, por vários motivos e se deparam com essa vontade de querer saber mais sobre a imagem e sua ligação com a autoestima.

EAMR: Qual é a importância da autoestima para suas clientes?

Juliana: Eu brinco com elas que o momento mais legal da consultoria é quando elas soltam a frase “nossa, eu nunca tinha pensado nisso”; é um momento em que vestem uma roupa dentro da proposta que a gente elabora juntas, e que eu vejo o olho brilhar, a postura mudar, um sorriso sair, elas me olham e falam, “eu amei, nunca pensei que ia usar uma coisa dessa, mas amei”. E essa sensação que vem de fora para dentro, essa sensação de preenchimento, de adequação de ter achado algo na roupa que represente aquilo que elas são. Acho que a autoestima tem essa importância, a roupa tem essa importância, de revelar aquilo que elas são e elas saem mais confiantes com a sensação de que estão bem representadas e querem mostrar isso para o mundo.

EAMR: Se pudesse dar apenas uma dica de estilo para toda mulher, qual seria?

Juliana: Minha dica de estilo é, menos é mais. Eu vou explicar, porque falar menos é mais é muito fácil. Balancear as pecas na hora que está se vestindo. Por exemplo, se eu coloco algo muito sofisticado, misturo com algo mais podrinho; claro, se for um evento sofisticado, pode ser tudo sofisticado, mas estou falando do dia-a-dia. Se estou usando uma camisa super fina cheia de babados e boto uma calça mais discreta, posso enfeitar mais nos pés, mas se estou usando uma peça cheia de informações, minimizar as informações no resto. Menos é mais nesse sentido de não precisar se montar todos os dias, de não precisar usar saltos para se sentir chique. Não ter que super se maquiar todos os dias para se sentir bonita. No sentido de ter mais liberdade na hora de se vestir, tanto no trabalho quanto a lazer.

EAMR: O que consumo consciente significa para você?

Juliana: Consumo consciente para mim significa, antes de sair comprando, fazer um inventário do seu guarda-roupa e saber onde exatamente essa peça nova vai se encaixar. Vamos supor que estou precisando de uma calça, de qual calça estou precisando? Estou precisando de uma calça flare, uma calça pantacourt, uma calça skinny, de que cor estou precisando? Essa calça que vou comprar vai ser usada onde? Consigo usar no trabalho, no momento de lazer? Consigo usar essa calça com quantas outras peças no meu guarda roupa? Se a gente comprar pensando que essa peça vai ser usada e vai ser útil em vários momentos e não vai ser simplesmente uma peça que vou descartar depois do final da coleção de verão, por exemplo, não estou comprando porque ela é uma tendência imediata.

O consumo consciente vai contra o efêmero que é muito presente na moda, é o consumo de algo que vou usar durante mais tempo, um bem durável, é assim que deve ser. Não é que uma cliente não possa comprar uma calça e em cima dessa calça construir outros looks, precisando comprar outras coisas, ela pode desde que faça isso de forma consciente também. Isso é a consciência que acho importante na hora de construir um guarda-roupa, saber o que tem, saber o objetivo dessa compra que estou fazendo agora e o que posso construir com ela.

EAMR: Você também é sócia da empresa Bendita Costura, me conte um pouco sobre esse projeto…

Juliana: A Bendita é uma empresa de costura, a gente faz ajustes, reformas, customização, até peças sob encomenda. Atendemos algumas marcas, costuramos e fazemos ajustes, até peça piloto para algumas delas. Também atendemos clientes particulares, tanto no ateliê quanto a domicílio. Vamos até a casa das clientes, marcamos as peças de roupa, trazemos para o ateliê e depois voltamos para fazer prova, então prestamos esse serviço super personalizado.

A gente trabalha hoje com as Animales aqui em São Paulo, com a Mara Mac, com o Lado Basic, com Le soleil d’été, com a Iódice e estamos sempre em busca de novos parceiros para crescer o portfolio. A gente mexe com todos os tipos de tecido e de clientes particulares passam todas as grifes do mundo, então a gente trabalha com Lanvin, Dior, Channel, Givenchy, Dolce & Gabbana, Valentino, Moschino, Miu Miu, Prada Gucci, tem de tudo, e faz masculino também, camisa, vestido de festa e uma prestação de serviço bem completa.

EAMR: Você parece ser como eu, não pare! Como sua vida profissional mudou desde que virou mãe?

Juliana: A maternidade é uma loucura, né! Minha vida profissional mudou muito, minha vida mudou muito! Profissionalmente falando, eu entendi depois da Nina que sabia cuidar muito bem, e minha proposta neste mundo é cuidar de pessoas.

A Bendita nasceu dessa ideia, por isso bendita, porque quando conhecei a Dani já trabalhava nesse segmento, e eu me lembro de ter me sentido muito cuidada por ela. Eu estava com algumas peças para consertar e eu não sabia para quem levar. Eram peças de couro de que eu gostava muito e eu tinha a maior cuidado com elas porque tem um valor alto né, não queria levar em qualquer lugar e senti uma confiança na Dani.

Então a grande missão da consultoria e da Bendita é de cuidar do guarda-roupa das mulheres e dos homens para que eles cuidem do que é mais importante na vida deles. E foi a maternidade que me deu esse insight, de que eu sabia cuidar, do que eu podia cuidar.

Além de ter mudado minha rotina, meus horários são mais curtos. É uma locura equilibrar os horários da Nina com meus horários, com os horários e agendas das clientes, mas estamos ai! A gente está conseguindo, o tempo fica mais curto mesmo, mas ganhamos muitas outras coisas, o amor maluco que a gente sente, o amor maluco que recebe, um senso de cuidado, responsabilidade, e proteção muito forte que a gente sente e que expande para o trabalho também!

Você poderá gostar também da entrevista com a cantora Iasmin, que recentemente lançou seu primeiro single autoral.

More from Eliza Rinaldi

As 5 coisas que eu aprendi com meu bebê de um ano

Tenho um bebê de um ano! No sábado o Gael fez um...
Read More

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *