Eu, como muitas pessoas, comecei o período de quarentena com uma mistura de medo, apreensão, e uma vontade de fazer uso do tempo em casa.
Eu já trabalhava de casa, então esta parte não foi uma grande mudança para mim. Minhas manhãs sem quarentena são uma corrida maluca para levar o Gael na creche, treinar, passear com a cachorrinha e estar na minha mesinha de banho tomado às 9h.
Não vou mentir, só de poder ir um pouco mais devagar está me fazendo bem. Minhas manhãs continuam corridas, mas sem horários definidos para chegar em lugares, físicos.
Gael, como qualquer criança de dois anos e meio, exige uma atenção constante, ele não está acostumado a ficar em casa sem os amiguinhos da escolinha para brincar. Fiquei apavorada só de pensar em ficar presa em casa com ele, e não vou mentir, está sendo duro, a parte que mais me pega é constantemente arrumar a trilha de destruição que ele deixa no caminho. Particularmente, ele resolveu que as almofadas do sofá são o avião dele, neste aspecto estou tentando desapegar de ter uma casa mega arrumada, difícil para alguém como eu que tem TOC.
Gael é uma criança boazinha e tudo isso é inédito para ele também, estamos aproveitando para treinar inglês, brincar, cozinhar e até começamos o processo de desfraldar. Resumindo, sinto que estou alternando entre momentos mãe e filho exemplar e xingando na minha cabeça, deixando o Netflix de babá para conseguir trabalhar.
Mas confesso que o trabalho tem trazido seus próprios desafios, como autônoma, fico bastante preocupada, e tive que mudar a minha estratégia por inteira, diante da situação.
Em termos de bem-estar e saúde mental, estou separando tempo para treinar cada manhã que está me fazendo bem. Também estou aproveitando de algumas lives, encontros virtuais com amigos e família para me sentir conectada, porém tive que aprender meus limites e aprender quando preciso respeitar o silêncio.
Mesmo em casa, a interação está intensa, graças à internet e às redes sociais, e é muito lindo ver um senso de comunidade online, sendo uma rede de apoio para muitos. Eu falei na EAMR Newsletter da semana passada sobre a criatividade que estamos vendo nas redes, mas às vezes isso me traz uma certa cobrança. Uma pressão de falar com todo mundo, de postar minha própria realidade de uma vida quarentena exemplar. Ou de estar atualizada com toda reportagem e coletiva de imprensa sobre o Covid-19. Quando vejo que estou entrando em overdrive, tento me desconectar um pouco para respeitar o silêncio.
Saber quando me afastar do ruído da internet está sendo minha arma secreta para manter minha saúde mental, isso e vinho, claro!
E você, me conte sobre sua vida na quarentena.