2016, Uma Retrospectiva

Retrospectiva 2016 EAMR

Não evito falar de política ou expressar minhas opiniões de maneira consciente, mas não é sempre que cabem estes assuntos nas páginas de EAMR, idem para coisas de minha vida pessoal. Mas agora, nos últimos dias do ano, achei que cabia um tipo de retrospectiva de 2016. Aconteceu tanta coisa este ano, é natural estarmos com uma sensação de choque e com vontade de articular sensações como forma de terapia, pois para isso serve uma retrospectiva, uma breve pausa para olhar o que passou e entender como ir para frente.
 
2016, por consenso geral, foi um ano horrível. Foi o ano que nos trouxe uma sucessão de decepções políticas e nos fizeram piada internacional, quer dizer, até sair os resultados do Brexit e daí fiquei envergonhada mais uma vez, além da eleição norte americana ter tirado nosso foco. A sensação de impotência, de ouvir mentiras na TV, na rádio e na internet foi forte, sua voz e sua opinião parecerem não ser capazes de mudar nada.

Foi um ano de desastres naturais, acidentes devastadores por erro humano, ataques terroristas, ataques racistas, ataques machistas, homofóbicos e mortes, teve muita morte.

Foi um ano em que a polarização do mundo ficou mais evidente. Foi um ano em que a intolerância mostrou sua cara feia e gritou: “CHEGA, queremos voltar as coisas ao jeito como eram antes!” Anos de progresso e democracia pareceram um tricô se desfazendo em nossas mãos, fio por fio. Vimos o medo que temos do desconhecido e o tratamento dado à vítimas de guerra civil como sendo criminosas.

Mas estas coisas sempre aconteceram, isso não é novidade, então porque este ano foi tão chocante? Talvez seja pelo medo da história se repetir; talvez vivamos tão isolados em nossas bolhas de mídias sociais, algoritmos que nos convencem que todo mundo pensa como a gente, que há o choque de descobrir que um colega de colégio distante não compartilha das mesmas opiniões que você adotou como verdade absoluta, e isso abriu o caminho para a tendência de 2016 de “desfazer amizade”. Debates não foram debates, parece que ninguém estava ouvindo, contribuindo, comunicando, só querendo reforçar uma opinião formada. Mas o que isto resolve e onde nos deixa?

Pessoalmente foi um ano de altos e baixos, entrei num relacionamento novo, comecei a explorar novas possibilidades para minha empresa, comecei a preencher o esqueleto do Estilo Ao Meu Redor. Digo isto porque o site estava pronto há dois anos, mas foi só no dia 1 de junho de 2016 que comecei a realizar este projeto tão esperado e não olhei para trás.

Foi um ano de compartilhar notícias boas com amigos, foi um ano de verdades duras, de sofrimento e de notícias deprimentes, para mim e para pessoas que eu amo.

Não sabemos o que o ano novo vai trazer, o futuro não parece tão brilhante com Temer presidente, determinado a destruir a saúde e a educação públicas entre tantas outras coisas; para nós paulistanos o Dória se prepara para vender a cidade pedaço por pedaço, o Reino Unido perdido sem aparência de ter a menor ideia ou estratégia coerente para a saída da UE, e os EUA, nem consigo articular meus sentimentos, não só sobre o “pussy graber” em si, mas sobre o povo que o colocou lá – ao menos este foi eleito!

E como lidar com tudo isto? A resposta certamente não é baixar a cabeça e viver num estado de melancolia perpétua. É a hora de levantar a cabeça, sacudir a poeira e dar a volta por cima! Somos responsáveis por nossas ações, temos o poder de mudar o mundo ao nosso redor através de nossas atitudes e nossos valores. Não podemos desistir nunca.

Ainda podemos falar de sapatos bonitos, truques de make e looks para o fim de semana. Não é uma coincidência que as passarelas de fashion week foram universalmente cheias de cores, de brilho; a gente precisa ser otimista, acreditar que as coisas vão melhorar, e expressar nossa individualidade e criatividade. Pois tem coisas mais importantes no mundo que a moda, mas é um bom lugar para começar! 

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