Será que autoaceitação é a última fronteira do feminismo?

Às vezes eu me pergunto o quanto minhas cobranças sobre meu físico, minha pele, corpo, cabelo, minhas dietas e regimes fitness, são baseados em uma mentira, uma que eu mesma me conto: que minha vontade de me sentir bem em minha própria pele é uma escolha autônoma de ser a melhor versão de mim. Ou será que essa vontade vem de um lugar mais problemático: meu condicionamento dentro de uma sociedade machista que só enxerga o valor das mulheres em termos de aparência, perpetuando o Male Gaze ou olhar masculino?

O Male Gaze é em termo que diz que mulheres no filme, na propaganda, ou na tela de seu smartphone, são tipicamente objetos, ao invés de donas, do gaze, porque no controle da câmera (e portanto do olhar) está geralmente um homem branco heterossexual, assim como o público alvo da maioria dos gêneros de filme.

Durante anos, a publicidade aproveitou desse olhar para nos vender produtos, a mensagem sempre foi clara para o público masculino: “Compre o produto, consiga a mulher,” e para o público feminino: “compre o produto para ser como essa mulher, para conquistar o homem.”

Quando o Male Gaze está presente, a mulher só existe em função do homem, no filme e TV ela existe para apoiar a narrativa do homem, para validar as decisões dele. Na propaganda, ela é o objeto de desejo.

Eliza Rinaldi, mulher branca, magra, de cabelo chanel loiro platinado, olha para a câmera

Mas isso é 2019, e em mais e mais áreas de sociedade estamos vendo mulheres de todas as cores e tamanhos dizendo, isso sou eu e eu me amo desse jeito.

Body positivity e autoaceitação

A tendência de influenciadoras com uma mensagem body positive está crescendo cada vez mais no Instagram. Parece que muita gente está de saco cheio de imagens altamente filtradas e falsas, criando níveis de “perfeição inatingível”.

O que começou com selfies sem maquiagem abriu o caminho para posts reais, de barrigas e bundas com celulite, desmascarando essa camada de falsidade da internet. Eu respeito e aplaudo, e acho que para quem tem qualquer tipo de influência online existe a responsabilidade de trazer esses assuntos, pois estamos apenas começando a quebrar esses paradigmas tão enterrados em nossa cultura.

Mas eu, branca, loira com corpo “aceitável” para esse paradigma antigo, tenho minhas inseguranças, eu me cobro ser mais bonita, mais magra, mais bronzeada, mais jovem, será que a autoaceitação é a última fronteira de feminismo? Será que minha vontade de apenas postar fotos em que me sinto “bonita” está me mantendo cativa desse machismo?

Eliza Rinaldi está vestindo um vestido rosa com botões e posa em pé com as pernas afastadas e mãos no bolso.

Não tenho todas as respostas, não estou pronta a postar fotos tão reais como @stylemesunday que por sinal é incrível! Estou tentando enxergar minha beleza em fotos menos tratadas e de ângulos que captam o momento e não só aquela pose de sempre, mas como dizem, um passo de cada vez.

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