O Que Você Faz? Desenvolvedor de fragrâncias

Desenvolvedor de fragrâncias

Bem-vindo ao primeiro post da série O Que Você Faz?, em que entrevistamos pessoas com um trabalho fora do comum. A entrevista de hoje é com Antônio Bassanese:

EAMR: O que você faz?

Antônio: Sou um desenvolvedor de fragrâncias.

EAMR: Como você entrou nessa profissão? Conte um pouco da sua trajetória.

A: Eu venho de uma família que trabalha com cosméticos há muitos anos e nunca imaginei que fosse trabalhar com insumo de cosméticos, que é a fragrância. Entrei na indústria de fragrâncias pela área administrativa e fui parar na área de desenvolvimento por intermédio de uma avaliadora olfativa, que identificou que eu tinha uma boa memória olfativa.

EAMR: O que é uma boa memória olfativa? 

A: Uma memória olfativa para nós é saber que tal cheiro combina com tal produto para tal perfil de consumidor. Esse é o tipo de trabalho em que a gente afunila o tempo de desenvolvimento de um produto.

EAMR: Conte como é um dia típico de trabalho.

A: Não tenho uma rotina propriamente dita, depende muito de cliente a cliente, mas em geral procuramos avaliar os produtos na parte da manhã porque os narizes estão mais limpos de manhã.

EAMR: Como assim?

A: Porque cheirar é físico, você absorve uma molécula física que gruda no seu micro pelo interno do nariz e é enviada para seu cérebro processar aquela molécula que identificamos como cheiro. É de manhã o que nós chamamos de “jejum”. Quando o nariz está em jejum, ele tem menos moléculas presas a seus micro pelos e seu senso de absorção é maior.

EAMR: Como é o processo de avaliar?

A: Primeiro nós recebemos as amostras ou aplicadas no produto final ou amostras somente em óleo, dependendo da fase da avaliação. Recebemos das duas maneiras porque a fragrância altera o teor de cheiro conforme a base. Temos que avaliar as duas, tanto a fragrância em si como a aplicada no produto do cliente.

As amostras vêm para a gente “no escuro”, sem dizer, por exemplo, podem vir cinco cheiros A a E e o briefing diz que é fragrância para desodorante feminino, perfil de consumidora de idade entre 15 a 25 anos, romântica. E eu sem saber o que cada cheiro tem, tenho que me imaginar olhando para um consumidor desse. Eu fecho meus olhos e quanto estou cheirando aquele produto, estou imaginando um consumidor daquele perfil para ver se aquele cheiro vai combinar com o cliente com aquele perfil briefado pelo cliente.

EAMR: O que você mais gosta do seu trabalho?

A: Gosto de trabalhar com tendências, saber o que o público vai usar daqui a um tempo, imaginar qual é a nova tendência de shampoo, de desodorante para o público. Isso é o que mais me atrai, além do produto final que fica muito bem perfumado.

EAMR: Quais são alguns de seus clientes?

A: Sem falar nada da estratégia, porque não posso, já fiz projetos para clientes como Natura, O Boticário, Bath and Body Works, Lush e L’Occitane, entre outros.

EAMR: O que você diria para alguém que quer ser desenvolvedor de fragrâncias?

A: É um mercado muito fechado, que forma profissional dentro do mercado. São poucas escolas no mundo que ensinam a arte da perfumaria; hoje, para o professional ser perfumista, ele precisa ser engenheiro químico, porque produtos naturais quase não se usam mais por causa da homogeneidade de fabricação e industrialização do produto, então ele precisa combinar moléculas químicas. Para trabalhar na indústria de perfumes, precisa seguir a profissão de químico. É a maneira mais fácil de se ingressar na área. Entrar como eu entrei, pela área de administração, é o caminho mais longo.

EAMR: Mas deu certo, né Antônio 😉
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